Fernando - Contos e Desencantos Parte VI



Verdade seja dita, os relógios de minha casa não pararam! E enfim, dois longos e pacientes meses se passaram, dois meses de encontros e nada mais, não por timidez ou cautela da minha parte!
Acho-me muito atrevido até, não safado! Não tenha idéias intoleradas sobre mim, uma coisa sou eu gostar de beijar a pessoa amada, fato que irão de concordar comigo, outra, acolá, muito diferente é...
- Admira-me seu silêncio! Parece estar tão longe, filosofando?
Poxa! Ela novamente falando com aquela voz meiga, sorriso largo e olhar excitante! Que foi? Não posso excitar-me? Quanto atrevimento de vossa parte, pois excitado estou!
- Estou aqui, Marina, não filosofando, talvez não, acho me incapaz de algo tão sublime!

-Bobo! Você é incansavelmente bobo!

Viro-me num compasso rápido, à sua frente, levo minha mão, quase arrastada até seu rosto...
- Bobo vou ser, se isto não fizer!
Como num filme, novela sabe se lá, minha boca, desta vez, parece flutuar em direção aos lábios dela, sem nada a temer, vou, meu coração parece sair pela boca, pois não saia, para beijá-la preciso vivo estar, pulsa num ritmo forte, intenso, fervente, involuntariamente...
- Acelerado!
Olha-me com olhar de espanto, sim, a Marina! Burro sou em falar algo sem ao menos beijá-la, por Deus, não a beijei, como burro sou, como burro estou!
- Nando, eu não posso!

- Por que não Marina, Nós dois temos a vida resolvida e livre, mais livre do que algo mais!
- Você não há de entender, eu...
Não terminou a frase, curioso agora estou, se foi, estás a chorar, correr, se lamentar... Por que o choro? Magoei-a tanto por lhe querer um beijo? E agora? Por que essa sombra de dúvida e agonia me persegue?
Perguntas a vagar...
Posted on 12:03 by Raphael and filed under | 0 Comments »

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